segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
domingo, 26 de dezembro de 2010
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Pedro Abrunhosa - Eu Não Sei Quem Te Perdeu
domingo, 28 de novembro de 2010
Às Vezes
Às vezes, o teu silêncio
são sombras,
infinitas, inatingíveis,
arranhando minha alma
na sua solidão.
Teus silêncios furam
minha existência,
como se levassem
pedaços de mim,
e todos os momentos
temo que a tua indiferença
te faça tão diferente,
que nos separe a distância
num túmulo escuro
onde os teus desejos
não digam nada.
Teus silêncios são labirintos,
insónias, incertezas
que secam minhas veias
como seixos
que me perturbam
em lágrimas e amarguras.
Teus silêncios hasteiam
meu refugio quente em ti,
me incendeiam o espírito
de chegar aos teus raios
e amar-te na estrela
mais alta.
Teus silêncios são tempestades
que me consomem
na tristeza afogada
das tuas ausências caladas.
Eugenio Lopez Blazquez, Llaid
Tradução de um poema que li em espanhol e gostei.
Perdoem-me a má tradução...!
sábado, 20 de novembro de 2010
domingo, 14 de novembro de 2010
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
domingo, 7 de novembro de 2010
Nuno Júdice - Arte Poética
O poema lírico nasceu de uma roseira. Não
digo que fosse a rosa de cima, aquela que todos
olham, primeiro que tudo, pensando
em corta-la para a levarem consigo. É
a rosa nem branca nem vermelha, a rosa pálida,
vestida com a substância da terra
a que toma a cor dos olhos de quem a fixa, por
acaso, e ela agarra, como se tivesse
mãos abstractas por dentro das suas folhas.
Colhi esse poema. Meti-o dentro de água,
como a rosa, para que flutuasse ao longo de um rio
de versos. O seu corpo, nu como o dessa mulher
que amei num sonho obscuro, bebeu a seiva
dos lagos, os veios subterrâneos das humidades
ancestrais, e abriu-se como o ventre da
própria flor. Levou atrás de si os meus olhos,
num barco tão fundo como a sua própria
morte.
Abracei esse poema. Estendi-o na areia
das margens, tapando a sua nudez com os ramos
de arbustos fluviais. Arranquei os botões
que nasciam dos seus seios, bebendo a sua cor
verde como os charcos coalhados do outono. Pedi-lhe
que me falasse, como se ele só ainda soubesse
as últimas palavras do amor.
Nuno Júdice
Ana Carolina e Seu Jorge - É Isso Aí
Linda, linda, linda!!!
"É isso aí... como a gente achou que ia ser...
A vida sempre continua..."
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
sábado, 30 de outubro de 2010
Solidão...
Solidão não é a falta de gente para conversar,
namorar, passear ou fazer sexo...
Isto é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos
pela ausência de entes queridos
que não podem mais voltar...
Isto é saudade.
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe,
às vezes, para realinhar os pensamentos...
Isto é equilíbrio.
Solidão não é o claustro involuntário
que o destino nos impõe compulsivamente
para que revejamos a nossa vida...
Isto é um princípio da natureza.
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado...
Isto é circunstância.
Solidão é muito mais do que isto.
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos
e procuramos em vão pela nossa alma...
Francisco Chico Buarque
Navegar
Navega, descobre tesouros,
mas não os tires do fundo do mar,
o lugar deles é lá.
Admira a Lua,
sonha com ela,
mas não queiras trazê-la para Terra.
Goza a luz do Sol,
deixa-te acariciar por ele.
O calor é para todos.
Sonha com as estrelas,
apenas sonha,
elas só podem brilhar no céu.
Não tentes deter o vento,
ele precisa correr por toda a parte,
ele tem pressa de chegar sabe-se lá onde.
As lágrimas?
Não as seques,
elas precisam correr na minha, na tua, em todas as faces.
O sorriso!
Esse deves segurar,
não o deixes ir embora, agarra-o!
Quem amas?
Guarda dentro de um porta jóias, tranca, perde a chave!
Quem amas é a maior jóia que possuis, a mais valiosa.
Não importa se a estação do ano muda,
se o século vira, conserva a vontade de viver,
não se chega a parte alguma sem ela.
Abre todas as janelas que encontrares e as portas também.
Persegue o sonho, mas não o deixes viver sozinho.
Alimenta a tua alma com amor, cura as tuas feridas com carinho.
Descobre-te todos os dias,
deixa-te levar pelas tuas vontades,
mas não enlouqueças por elas.
Procura!
Procura sempre o fim de uma história,
seja ela qual for.
Dá um sorriso àqueles que esqueceram como se faz isso.
Olha para o lado, há alguém que precisa de ti.
Abastece o teu coração de fé, não a percas nunca.
Mergulha de cabeça nos teus desejos e satisfá-los.
Agoniza de dor por um amigo,
só sairás dessa agonia se conseguires tirá-lo também.
Procura os teus caminhos, mas não magoes ninguém nessa procura.
Arrepende-te, volta atrás,
pede perdão!
Não te acostumes com o que não te faz feliz,
revolta-te quando julgares necessário.
Enche o teu coração de esperança, mas não deixes que ele se afogue nela.
Se achares que precisas de voltar atrás, volta!
Se perceberes que precisas seguir, segue!
Se estiver tudo errado, começa novamente.
Se estiver tudo certo, continua.
Se sentires saudades, mata-as.
Se perderes um amor, não te percas!
Se o achares, segura-o!
Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala.
"O mais é nada".
Fernando Pessoa
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Céline Dion - S'il Suffisait D'aimer
Esta música é uma pérola! E, neste cenário, transformou-se num diamante!
"Se Amar Fosse Suficiente", estaríamos todos num mundo bem melhor...
Se Amar Fosse Suficiente
Eu sonho com seu rosto, sinto saudades do seu corpo
E em seguida imagino-o fazendo parte do meu cenário
Eu teria tanta coisa para lhe dizer, se eu soubesse como
Como fazer com que ele leia nos meus pensamentos?
Mas como fazem as pessoas que conseguem tudo o que querem?
Que me apontem meus erros e também minhas ilusões
Eu daria minha alma, meu coração e todo o meu tempo
Mas, por mais que eu entregue tudo, tudo não é suficiente
Se fosse suficiente a gente se amar, se amar fosse suficiente
Se a gente mudasse um pouco as coisas, só pelo prazer de compartilhar
Se fosse suficiente a gente se amar, se amar fosse suficiente
Eu faria deste mundo um sonho, uma eternidade
Fico sangrando em meus pensamentos, uma pétala seca cai
Quando as lágrimas que outros derramaram me atormentam
A vida não é hermética, minha ilha fica debaixo do vento
As portas deixam entrar os gritos mesmo quando estão fechadas
A criança no jardim, flores na sacada
Minha vida calma onde ouço bater cada coração
Quando as nuvens ficam escuras, mau presságio
Que tipo de arma é usada no país de nossos medos?
Se fosse suficiente a gente se amar, se amar fosse suficiente
Sa a gente mudasse um pouco as coisas, só pelo prazer de compartilhar
Se fosse suficiente a gente se amar, se amar fosse suficiente
Eu faria deste mundo um sonho, uma eternidade
Se fosse suficiente a gente se amar, se amar fosse suficiente
Se a gente pudesse mudar as coisas e começar tudo outra vez
Se fosse suficiente a gente se amar, se amar fosse suficiente
Faríamos deste sonho um mundo
Se amar fosse suficiente
Marina Elali - One Last Cry
Para todas aquelas que pessoas que sofrem por um amor perdido. Que esta música seja o ponto de partida, a viragem da página. Que esta seja a última lágrima...
O amanhã existe, está aí à porta, deixem-no entrar ;)
Simply Red - If You Don't Know Me By Now
Boa música para acabar a noite. Ou quem sabe começar... lol
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Não Há Coincidências - Margarida Rebelo Pinto
Quando li este excerto do livro da Margarida Rebelo Pinto achei assombrosa a forma que a autora usou para transmitir os sentimentos da personagem, como se fosse algo real e não imaginário!
Cheguei a ler num blogue parte deste mesmo excerto que um filho usou para transmitir à sua mãe o que sentia por ela. A falta de amor que foi sentindo da sua parte ao longo dos anos, as desilusões. Mas, no fim dizia que a perdoava, pois só assim poderia seguir em frente.
Duas ou três pessoas que eu conheço leram este mesmo excerto e se identificaram com ele também. Em algum cantinho do texto há sempre algo que parece escrito, sentido, vivido por cada um nós.
Por isso, aqui fica! Pode ser que faça jeito a mais alguém ;).
"Não sei como começar esta carta, nem sei se ela fará algum sentido, mas preciso de te transmitir tudo o que ficou por dizer, antes que rebente de mágoa e de tristeza, antes que os dias se sucedam num absurdo tão vazio e idiota que perca a vontade de viver.
Tenho à minha frente o caderno que te comecei a escrever, uma espécie de diário da minha paixão contida por ti, aquele que nunca quiseste ler, embora me tivesses alimentado a esperança de um futuro longínquo, que um dia talvez pudéssemos partilhar, um projecto de vida futura que nunca passou da minha imaginação ou do teu delírio. Mas de que vale o amor sem um futuro sonhado, mesmo que nunca se concretize?
Toda a nossa existência tem por condição a infidelidade a nós próprios. Fui muitas vezes na minha vida, infiel aos outros, mas sobretudo a mim própria, quando me recusava a escutar o meu próprio coração.
Olho para trás e vejo com tristeza que os meus erros contaminaram as recordações do tempo em que ainda não os havia cometido e isso faz-me sentir culpada de coisas que não fiz. Por isso aplico a mim mesma uma espécie de autoflagelação, esperando que a dor infligida apague a original e, quando a segunda se esfumar, pouco mais reste da primeira, a não ser o sabor eterno e amargo de uma perda irreparável.
O primeiro erro que cometi foi ter-me apaixonado por ti. Não sei ainda hoje explicar o que me aconteceu. É como se de repente tivesse saído de dentro de mim própria e assistisse ao desenrolar da paixão que crescia desmesuradamente, sem quereres ou saberes, tenhas tocado nos pontos cardeais da minha insegurança e deles se tivesse acendido uma luz que segui, cega e surda, como os insectos numa noite de Verão à volta de uma lâmpada que alguém se esqueceu de apagar. Mas o amor é mesmo assim: absoluto, estúpido e tudo menos sensato. Ou talvez me tenha apaixonado apenas pela tua imagem e, quando te tornaste real aos meus olhos, te tenha adaptado a um ideal humanamente perfeito, à luz do meu desejo. De qualquer forma, apaixonei-me por ti e esse foi o erro primordial, o primeiro de todos, provavelmente o único importante. Os outros erros nunca se teriam dado se este primeiro não tivesse crescido como uma bola de neve perdida numa avalanche.
O segundo erro, e deste assumo toda a culpa, foi não te ter escondido que te amava. Queria-te tanto que pensei que isso te obrigaria a amar-me. Como fui burra e infantil! O amor e a gratidão nada têm a ver um com o outro, embora ambos mascarem estados de afecto. O amor não se procura. Simplesmente vem-nos parar às mãos e só amamos o que é diferente, mesmo que nos pareça de algum modo semelhante. Tu tens essa diferença, que me cativou. Mas devia ter aprendido a escutar os teus sinais e a decifrá-los, antes de me denunciar com os meus, bem menos subtis, bem mais temerários. Sou uma guerreira, o amor é a minha arma. O meu coração é o meu escudo, avanço sem lança nem capacete, caio e levanto-me as vezes que for preciso, mas não paro nunca. A não ser que o caminho se feche. Quando te foste embora, percebi que a tua porta se tinha fechado para sempre. O coração quando se fecha faz muito mais barulho do que uma porta, e acredita, oiço ainda o barulho do teu silêncio, como uma pedra encostada à garganta. Mas serviu-me para aprender algumas coisas, entre as quais que estar quieta também é uma acção. E ao ficar quieta, consegui parar de sonhar, e comecei a viver cada dia um atrás do outro, a sair para a rua e respirar o ar aquecido pela luz do Sol como uma dádiva de Deus. Quando sonhamos muito corremos o risco de deixar de viver neste mundo, passamos para outra dimensão e não raras vezes transportamos connosco aqueles que amamos. E aquilo com que sonhamos, passa a ser nosso desejo e é em função disso que respiramos, vivemos, adormecemos e acordamos.
O meu terceiro erro, já te disse qual foi. Caímos num duplo equívoco: nunca acreditaste que eu gostasse de ti e sempre gostei; nunca acreditei que não me amasses e afinal não chegaste sequer a gostar de mim. No amor, os homens são paranóicos e as mulheres obsessivas. Eles não acreditam no amor delas e elas não admitem a falta de amor neles.
Amei-te de uma forma desajeitada, arrebatadora e incondicional, sempre querendo e desejando o melhor para ti. O melhor, só tu mesmo poderás encontrar e hoje estou certa que não passa por mim.
Não é a dor da rejeição que me massacra, é a dor de saber que nada poderá sobrar deste amor. Que a amizade não tem espaço nem voz entre nós.
Cada vez mais acredito que amar é dar e tudo o que não é dado, perde-se. E que a amizade é talvez a mais bela forma de amor, porque é gratuita e intemporal, não precisa de promessas nem de carne, nem se desfaz com zangas, nem se desvirtua com o tempo. Mas não te posso dar o meu carinho, o meu afecto, o meu amor domesticado em amizade, se nem sequer tens a grandeza de abrir os braços para a receber. Com a morte deste amor por ti, morre também uma parte de mim, algo cujos contornos não consigo ainda delinear mas que com o tempo perceberei, quando a alma apaziguada fechar as feridas desta minha dor derrotada e passiva perante o teu silêncio e a tua mascarada indiferença.
Mas é melhor que nunca mais se cruzem os nossos olhares, é melhor que a palavra adeus seja mesmo essa e não outra. Chegámos ao fim do caminho. A partir daqui todas as palavras serão inúteis.
Nunca saberei até que ponto ages com o coração ou apenas com a cabeça. Até que ponto te entregas ou apenas jogas. Até que ponto sentes e ages, ou apenas observas. E é por nunca ter sabido quem és, que um dia te conseguirei esquecer."
Margarida Rebelo Pinto - Não Há Coincidências
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Para as Amigas...
Se eu morrer antes de você, faça-me um favor. Chore o quanto quiser, mas não brigue com Deus por Ele haver me levado. Se não quiser chorar, não chore. Se não conseguir chorar, não se preocupe. Se tiver vontade de rir, ria. Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão. Se me elogiarem demais, corrija o exagero. Se me criticarem demais, defenda-me. Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam. Se me quiserem fazer um demónio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demónio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo. Se falarem mais de mim do que de Jesus Cristo, chame a atenção deles. Se sentir saudade e quiser falar comigo, fale com Jesus e eu ouvirei. Espero estar com Ele o suficiente para continuar sendo útil a você, lá onde estiver. E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase : ' Foi meu amigo, acreditou em mim e me quis mais perto de Deus !' Aí, então derrame uma lágrima. Eu não estarei presente para enxuga-la, mas não faz mal. Outros amigos farão isso no meu lugar. E, vendo-me bem substituído, irei cuidar de minha nova tarefa no céu. Mas, de vez em quando, dê uma espiadinha na direcção de Deus. Você não me verá, mas eu ficaria muito feliz vendo você olhar para Ele. E, quando chegar a sua vez de ir para o Pai, aí, sem nenhum véu a separar a gente, vamos viver, em Deus, a amizade que aqui nos preparou para Ele. Você acredita nessas coisas ? Sim??? Então ore para que nós dois vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver direito. Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo. Eu não vou estranhar o céu . . . Sabe porque ? Porque... Ser seu amigo já é um pedaço dele!
Vinícius de Moraes
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Damien Rice - Delicate
As músicas deste senhor são para se ouvir no mais profundo silêncio, interiorizar o som...
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
terça-feira, 12 de outubro de 2010
domingo, 10 de outubro de 2010
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Evanescence - Hello
Fantástica, linda, divinal...
Playground school bell rings again
Rain clouds come to play again
Has no one told you she's not breathing?
Hello I'm your mind giving you someone to talk to
Hello
If I smile and don't believe
Soon I know I'll wake from this dream
Don't try to fix me, I'm not broken
Hello I am the lie living for you so you can hide
Don't cry
Suddenly I know I'm not sleeping
Hello I'm still here
All that's left of yesterday
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Crepuscular
A incerteza cai com a tarde
no limite da praia. Um pássaro
apanhou-a, como se fosse
um peixe, e sobrevoa as dunas
levando-a no bico. O
seu desenho é nítido, sem
as sombras da dúvida ou
as manchas indecisas da
angústia. Termina com a
interrogação, os traços do fim,
o recorte branco de ondas
na maré baixa. Subo a estrofe
até apanhar esse pássaro
com o verso, prendo-o à frase,
para que as suas asas deixem
de bater e o bico se abra. Então,
a incerteza cai-me na página, e
arrasta-se pelo poema, até
me escorrer pelos dedos para
dentro da própria alma.
Nuno Júdice
terça-feira, 28 de setembro de 2010
A Verdadeira Natureza Humana
A humildade fica perto da disciplina moral; a simplicidade de carácter fica perto da verdadeira natureza humana; e a lealdade fica perto da sinceridade de coração. Se um homem cultivar cuidadosamente essas coisas na sua conduta, não estará longe do padrão da verdadeira natureza humana. Com a humildade, ou uma atitude piedosa, um homem raramente comete erros; com a sinceridade de coração, um homem é geralmente digno de confiança; e com a simplicidade de carácter é comummente generoso. Cometerá poucos erros.
Confúcio, in 'A Sabedoria de Confúcio'
Foto: Heaven by Aparakta
domingo, 26 de setembro de 2010
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Harmonia
Protege-te dos teus medos
Só tu tens a força para vence-los
Dos teus sonhos pálidos delicados
Murmúrios por caminhos desolados
Ergue longe os teus olhos
...E mostra-os á natureza sábios
Só tu és o principio dos teus passos
E o fim dos teus cansaços
Não te iludas com enfeitos
Porque nem tudo que luz tem preceitos
Negras cinzas vem dos fundos
A cobrir moribundos
Abre á vida os teus braços
Crepúsculos de amor brocados
Dos que nascem já perdidos
Aos dos amores falhados
A natureza tem os seus caminhos
E todos eles tem os seus sentidos
Ganhas dores e eles são precisos
Rios de sonhos gritas aos aflitos
Deita no corpo os teus segredos
Acompanhados com os teus ensinos
Enriquece os teus conhecimentos
Para os novos desafios
Ama a terra e os seus derivados
Com carinho e mil cuidados
Ama os teus tão queridos
Até os pobres ingratos.
António Almeida
domingo, 19 de setembro de 2010
Lara Fabian - Aime
Ame
É um fruto doce que o universo e a terra semeiam...
Uma dádiva que nos é oferecida,
se acreditarmos nessa sorte...
A vida faz de tudo para nos dar a
...outra metade da laranja
É uma viagem
ao interior dos instintos
onde a guerra não existe
A prova de que cada uma
de nossas preces mais sinceras encontraram
uma resposta, apesar da ausência
de que o amor continua...
Ame,
a vida é mesmo bela
contando que você seja aquela ou aquele que ama...
A certeza de que o outro é essencial
é esse encontro,
como um sinal do céu...
Ame,
e ignore o ódio
Não volte a ser aquela ou aquele que sofre
A solidão é um caminho cruel
Não se esqueça que o amor é um eterno...
É uma carícia e trememos juntos...
Não esperávamos isso mais...
É um olhar que nos lembra o rosto
desse desconhecido...
Autor Desconhecido
sábado, 18 de setembro de 2010
Pearl Jam - Just Breathe
Esta música é simplesmente linda.
Como me foi dada a conhecer por uma amiga muito querida, é dedicada a ela.
Amiga esta é para ti. É divinal ;)
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
sábado, 4 de setembro de 2010
domingo, 29 de agosto de 2010
Roberto Carlos - Baleias
Dói só de ouvir os seus gritos!! Imaginar as atrocidades que fazem a estes (e outros) animais é terrível. Pena não fazerem o mesmo a quem pratica tal actos...
Within Temptation - Angels
Havia alguém que me dizia que sempre que ouvia Within Temptation tinha um orgasmo auditivo. Não podia estar mais de acordo...
Within Temptation ouve-se Sempre, independentemente da hora ou do local :).
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
That´s What Friends Are For
Para todas as minhas amigas!!
Podia aqui mencionar nomes, mas não quero ferir susceptibilidades!
De modo que mesmo não mencionando nomes
tenho a certeza que elas sabem quem são ;)
And I
Never thought I'd feel this way
And as far as I'm concerned I'm glad I got the chance to say
That I do believe I love you
And if I should ever go away
Well then close your eyes and try to feel the way we do today
And than if you can't remember.....
Chorus
Keep smilin'
Keep shinin'
Knowin' you can always count on me
for sure
that's what friends are for
In good times
And bad times
I'll be on your side forever more
That's what friends are for
Verse 2
Well you came and open me
And now there's so much more I see
And so by the way I thank you....
Ohhh and then
For the times when we're apart
Well just close your eyes and know
These words are comming from my heart
And then if you can't remember....Ohhhhh
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Mazzy Star - Fade Into You
Mais uma música que fiquei a conhecer e que gostei muito.
Como tal, aqui está ela... ;)
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Ausência
O fundamento das palavras perde-se
na lava dos lábios, quando o fogo do amor
os incendeia. Rios que se enrolam
nos ombros da madrugada, ou simples
regatos que correm por entre os dedos -
vêm ao encontro dos amantes,
para que os seus olhos cansados da noite
os sigam na planície da pele,
em busca de um estuário de sensações.
Porém, as flores presas no cabelo,
sugerindo um movimento de hera, dão-te
uma hesitação de outono, como se o tempo
te cobrisse com a sua sombra. Só o que pensas
te empresta uma realidade - mas não sei o que
pensas. E se o diadema do dia te ilumina
o rosto, e os teus olhos encontram os meus,
espero que me respondas: A que armário
de esquecimento foste buscar o teu silêncio?
Nuno Júdice
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Mariza - Há Palavras Que Nos Beijam
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
sábado, 14 de agosto de 2010
Wham - Careless Whisper
Esta é daquelas musicas que me faz sempre sorrir quando a ouço!
Tem um "sabor" a nostalgia...
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
terça-feira, 3 de agosto de 2010
Simple Words - Fingertips
Mais uma música nova para mim. Ouvi-a hoje, pela primeira vez, e fiquei logo com ela no ouvido.
Linda, linda, linda!!!
sexta-feira, 30 de julho de 2010
quarta-feira, 28 de julho de 2010
terça-feira, 27 de julho de 2010
Confissão
da luz e da obscuridade,
do ouro e do pó,
ouço pedirem-me que escolha;
e deixe para trás a inquietação,
a dor,
um peso de não sei que ansiedade.
Mas levo comigo tudo
o que recuso. Sinto
colar-se-me às costas
um resto de noite;
e não sei voltar-me
para a frente, onde
amanhece.
Nuno Júdice, in "Meditação sobre Ruínas"
The Midas Touch by *phatpuppy
domingo, 25 de julho de 2010
quinta-feira, 22 de julho de 2010
segunda-feira, 19 de julho de 2010
When You Say Nothing At All
Vale sempre a pena sonhar...
Enjoy ;)
terça-feira, 13 de julho de 2010
segunda-feira, 5 de julho de 2010
Bruna Lombardi
só não sabemos lê-la
ainda
dentro de nós existe
a resposta que buscamos
só que não a procuramos
bem
o nosso lado mais sábio
ainda se esconde da gente
e vamos nascer novamente
até saber"
Texto: Bruna Lombardi
Foto: Lyssiana
domingo, 4 de julho de 2010
Pensamento do Dia
sexta-feira, 2 de julho de 2010
A Vida
A vida, as suas perdas e os seus ganhos, a sua
mais que perfeita imprecisão, os dias que contam
quando não se espera, o atraso na preocupação
dos teus olhos, e as nuvens que caíram
mais depressa, nessa tarde, o círculo das relações
a abrir-se para dentro e para fora
dos sentidos que nada têm a ver com círculos,
quadrados, rectângulos, nas linhas
rectas e paralelas que se cruzam com as
linhas da mão;
a vida que traz consigo as emoções e os acasos,
a luz inexorável das profecias que nunca se realizaram
e dos encontros que sempre se soube que
se iriam dar, mesmo que nunca se soubesse com
quem e onde, nem quando; essa vida que leva consigo
o rosto sonhado numa hesitação de madrugada,
sob a luz indecisa que apenas mostra
as paredes nuas, de manchas húmidas
no gesso da memória;
a vida feita dos seus
corpos obscuros e das suas palavras
próximas.
Nuno Júdice, in "Teoria Geral do Sentimento"
Foto: Life by Adonis Werther
Within Temptation ft Chris Jones - Utopia
Why does it rain, rain, rain down on utopia
Why does it have to kill the idea of who we are?
segunda-feira, 28 de junho de 2010
sábado, 26 de junho de 2010
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Muse - Undisclosed Desires
Hope you like it
domingo, 13 de junho de 2010
sábado, 12 de junho de 2010
Frank Sinatra - My Way - 1974
"To say the things he truly feels
And not the words of one who kneels..."
domingo, 6 de junho de 2010
segunda-feira, 24 de maio de 2010
quarta-feira, 19 de maio de 2010
História com Moral...
Uma coisa é certa, quando nos falta o bom senso do julgamento e das palavras, o desastre é uma constante em nossas vidas. Conheço pessoas que falam tudo que pensam, se dizem aliviadas com tal atitude, porém depois de observarem a confusão que armam, se dizem vítimas do destino. Eu diria que essas pessoas são vítimas da língua. Vamos tomar mais cuidado, com nossos comentários a partir de hoje...
"Uma jovem estava à espera de seu voo, na sala de embarque de um grande aeroporto.
Como deveria esperar várias horas, resolveu comprar um livro para passar o tempo. Comprou, também, um pacote de biscoitos.
Sentou-se numa poltrona, na sala Vip do aeroporto, para poder descansar e ler em paz.
Ao lado da poltrona onde estava o saco de biscoitos sentou-se um homem, que abriu uma revista e começou a ler.
Quando ela pegou no primeiro biscoito, o homem também tirou um. Sentiu-se indignada mas não disse nada. Apenas pensou: “Mas que atrevido! Se eu estivesse com disposição
dava-lhe um soco no olho, para que ele nunca mais se esquecesse deste atrevimento!”
A cada biscoito que ela pegava, o homem também tirava um. Aquilo foi-a deixando cada vez mais indignada, mas não conseguia reagir.
Quando restava apenas um biscoito, ela pensou:“ah...o que vai esse abusador fazer agora?” Então, o homem dividiu o último biscoito ao meio, deixando a outra metade para ela. Ah! Aquilo era demais! Ela estava soprando de raiva! Então, pegou no livro, e no restante das suas coisas e dirigiu-se para a porta de embarque.
Quando se sentou confortavelmente numa poltrona, já no interior do avião, olhou para dentro da bolsa para tirar os óculos. Para sua grande surpresa, viu intacto o pacote de biscoitos que tinha comprado! Sentiu imensa vergonha! Percebeu que quem estava errada era ela... Tinha-se esquecido que tinha guardado os biscoitos na sua bolsa. O homem tinha dividido os biscoitos dele com ela, sem se sentir indignado, nervoso ou revoltado. Entretanto ela tinha ficado muito transtornada, pensando estar a dividir os biscoitos dela com ele. E já não havia ocasião para se explicar...nem pedir desculpa!”
Existem 4 coisas, que não se podem recuperar Nunca...
- A pedra...depois de atirada!
- A palavra...depois de proferida!
- A ocasião...depois de perdida!
- O tempo...depois de passado!
segunda-feira, 3 de maio de 2010
De mim... já pouco sei!
De mim... já pouco sei!!
Tantas cambalhotas que dei,
Tantos sonhos que ficaram...
Desvaneceram...
Evaporaram......
Tantas vezes que voltei atrás,
Acreditando na bondade,
Cegando-me da verdade
Cruel que a vida trás!
Mas hoje sou feliz,
Pois mesmo nada sabendo,
Fiz da vida o que quis.
Fui sol...
Fui lua...
Fui pedra...
Fui alma que flutua...
Fui dor da perda...
E pra alguns ate fui merda!
Isso pouco importa,
Vou continuar.
E de meus passos virá a vitoria
Importante ou não,
Será sempre a minha historia!!
Autor: Luís Miguel Tavares
Foto: Conquest the Paradise by Chopen
sábado, 1 de maio de 2010
Hora
Sinto que hoje novamente embarco
Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta --- por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.
Sonoro e profundo
Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera
O peso dos meus gestos.
E dormem mil gestos nos meus dedos.
Desligadas dos círculos funestos
Das mentiras alheias,
Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.
Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.
E de novo caminho para o mar.
Sophia de Mello Breyner Andresen
terça-feira, 20 de abril de 2010
sábado, 17 de abril de 2010
Arte Poética com Melâncolia
É, somente, um dos meus poetas favoritos...
"Preocupam-me ainda as coisas do passado. Escrevo como se o poema fosse uma realidade, ou dele nascessem as folhas da vida, com o verde esplêndido de uma súbita primavera. Sobreponho ao mundo a linguagem; tiro palavras de dentro do que penso e do que faço, como se elas pudessem viver aí, peixes verbais no aquário do ser. É verdade que as palavras não nascem da terra, nem trazem consigo o peso da matéria; quando muito, descem ao nível dos sentimentos, bebem o mesmo sangue com que se faz viver as emoções, e servem de alimento a outros que as lêem como se, nelas, estivesse toda a verdade do mundo. Vejo-as caírem-me das mãos como areia; tento apanhar esses restos de tempo, de vida que se perdeu numa esquina de quem fomos; e vou atrás deles, entrando nesse charco de fundos movediços a que se dá o nome de memória. Será isso a poesia? É então que surges: o teu corpo, que se confunde com o das palavras que te descrevem, hesita numa das entradas do verso. Puxo-te para o átrio da estrofe; digo o teu nome com a voz baixa do medo; e apenas ouço o vento que empurra portas e janelas, sílabas e frases, por entre as imagens inúteis que me separaram de ti."
Nuno Júdice
segunda-feira, 12 de abril de 2010
Poema do Amigo
Um dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos...
Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo vivido... Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre...
Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo destino, ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nos e-mails trocados...
Podemos nos telefonar... conversar algumas bobagens. Aí os dias vão passar... meses... anos... até este contato tornar-se cada vez mais raro. Vamos nos perder no tempo...
Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão: Quem são aquelas pessoas? Diremos que eram nossos amigos. E... isso vai doer tanto!!! Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida!
A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto... nos reuniremos para um último adeus de um amigo. E entre lágrima nos abraçaremos...
Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado... E nos perderemos no tempo...
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades...
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores... mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!!!
Vinícius de Moraes
Ausência
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade
sexta-feira, 9 de abril de 2010
terça-feira, 6 de abril de 2010
Amizade...
Obrigada Amigas *_*
"Em tempos em que quase ninguém se olha nos olhos, em que a maioria das pessoas pouco se interessa pelo que não lhe diz respeito, só mesmo agradecendo àqueles que percebem nossas descrenças, indecisões, suspeitas, tudo o que nos paralisa, e gastam um pouco da sua energia conosco, insistindo. "
Martha Medeiros
quarta-feira, 31 de março de 2010
As Amizades são feitas de pedacinhos
Pedacinhos de tempo que vivemos com cada pessoa.
Não importa a quantidade de tempo que passamos com cada amigo, mas a qualidade do tempo que vivemos com cada pessoa.
Cinco minutos podem ter uma importância muito maior do que um dia inteiro…
Assim, há amizades que são feitas de risos e dores compartilhados; outras de escola; outras de saídas, cinemas, diversões; há ainda aquelas que nascem e a gente nem sabe de quê, mas que estão presentes.
Talvez essas sejam feitas de silêncios compreendidos, ou de simpatia mútua sem explicação.
Hoje em dia, muitas amizades são feitas só de e-mails e essas não são menos importantes. São as famosas "amizades virtuais". Diferentes até, mas não menos importantes.
Aprendemos a amar as pessoas sem que possamos julgá-las pela sua aparência ou modo de ser, sem que possamos (e fazemos isso inconscientemente às vezes) etiquetá-las.
Há amizades profundas que são criadas assim.
Saint-Exupéry disse:
"Foi o tempo que perdestes com tua rosa que fez tua rosa tão importante".
E eu digo que é o tempo que ganhamos com cada pessoa que a faz tão importante. Porque tempo gasto com pessoas é tempo ganho, aproveitado, vivido.
São lembranças para cinco minutos depois, ou anos até…
Uma pessoa torna-se importante pra nós, e nós para ela, quando somos capazes, mesmo na sua ausência, de rir ou chorar, de sentir saudade e nesse instante trazer o outro bem pertinho de nós…
Dessa forma, podemos ter melhores amizades e fazer vários amigos de diferentes maneiras.
O importante é saber aproveitar o máximo cada minuto vivido e ter depois no baú das recordações horas para passar com essas pessoas, mesmo quando estiverem longe dos nossos olhos…
Autor Desconhecido
terça-feira, 30 de março de 2010
Lágrimas ocultas
Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!
Florbela Espanca
quinta-feira, 25 de março de 2010
A Todos...
A todos trato muito bem
sou cordial, educada, quase sensata,
mas nada me dá mais prazer
do que ser persona non grata
expulsa do paraiso
uma mulher sem juízo, que não se comove
com nada
cruel e refinada
que não merece ir pro céu, uma vilã de novela
mas bela, e até mesmo culta
estranha, com tantos amigos
e amada, bem vestida e respeitada
aqui entre nós
melhor que ser boazinha é não poder ser imitada.
Martha Medeiros
quarta-feira, 24 de março de 2010
terça-feira, 23 de março de 2010
O Amor Eterno
E agora que as mãos da incrédula
rapariga te empurram para a saída,
onde irá chover, de acordo com
a cor do céu, não resistas. Na rua,
onde os ventos se cruzam na esquina,
os que sopram, do norte, de colinas
manchadas pelo inverno, e os que
nascem do rio, trazendo a impressão
húmida do litoral, acende um cigarro,
para que o calor do lume te reconforte
as mãos, avança pelo passeio, enquanto
o frio te deixar, e ouve o canto da água
por baixo de terra: correntes
no limite entre o gelo
e o fogo, uma evaporação de humores,
como se as almas lutassem em busca de
saída, e, no fumo de uma memória
de mesa antiga, tu e essa que amaste,
trocando as frases matinais do re-
encontro. Vidros embaciados pelas
lágrimas da ruptura, perguntas sem
resposta, a casa de luzes
apagadas, como se estivesse vazia - e como
se não soubesses que os destinos se decidem
por cima de nós, onde em cada instante
um deus cansado nos desfaz as inúteis
promessas de eternidade.
Nuno Júdice, in "A Fonte da Vida"
domingo, 21 de março de 2010
Novos caminhos
domingo, 14 de março de 2010
Era uma vez um pensamento teu
Era uma vez um pensamento teu
Quase podia ser segredo meu
E teu
Era quem sabe um tempo de inventar
Subir o teu corpo
Cair do teu sonho
E ficar em nós
Era uma vez um medo que voou
Que se fez asa, sopro, ar
Nunca mais voltou
E eu sem saber porquê fui atrás
E ainda o vi
Esconder-se de ti
Era talvez um tempo de te amar
Era talvez um tempo de sentir
Era uma vez um pensamento meu
Quase podia ser segredo teu
E meu
Era quem sabe um tempo de inventar
Subires o meu corpo
Caíres do meu sonho
E ficar em nós
Era uma vez um sonho que não sei
Que se fez asa, sopro, ar
Quase lhe toquei
E a pressentir porquê fui atrás
E ainda o vi
A esconder-se em mim
Era talvez um tempo pra te dar
Era talvez um tempo de te amar
O tempo que não foi tempo não passou
O sonho que se fez pele e se guardou aqui ficou
Como se fosse sopro, asa, ar, escondeu-se em nós
E no teu olhar
Fica pra sempre um tempo de te amar
Fica pra sempre um pouco do que sou