terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Elegia




Nem os dias longos me separam da tua imagem.
Abro-a no espelho de um céu monótono, ou
deixo que a tarde a prolongue no tédio dos
horizontes. O perfil cinzento da montanha,
para norte, e a linha azul do mar, a sul,
dão-lhe a moldura cujo centro se esvazia
quando, ao dizer o teu nome, a realidade do
som apaga a ilusão de um rosto. Então, desejo
o silêncio para que dele possas renascer,sombra,
e dessa presença possa abstrair a
tua memória.

Texto: Nuno Judice
Foto: Julio Segura Carmona

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