terça-feira, 25 de agosto de 2009

Não sei



Não sei... se a vida é curta ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não seja nem curta,
nem longa demais, mas que seja intensa,
verdadeira, pura... Enquanto durar.


Cora Coralina

Sou



Sou alma,
sou dor.
Sou sonho,
e amor.
Sou peixe,
ou pássaro,
sou tigre,
sou flor.

Sou céu,
sou mar.
Sou sol
ou luar.
Sou imagem
ou talvez ilusão.
Sou paisagem
sou emoção.

Sou morte,
sou vida,
sou criança
esquecida.
Sou papel
amachucado.
Sou o mel
só por ti provado.

Sou quem sou,
o que sou,
apenas eu,
de ti nada ficou.



Joaninhah
12/01/2003

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

domingo, 16 de agosto de 2009

Rotação


É nos teus olhos que o mundo inteiro cabe,
mesmo quando as suas voltas me levam para longe de ti;
e se outras voltas me fazem ver nos teus
os meus olhos, não é porque o mundo parou, mas
porque esse breve olhar nos fez imaginar que
só nós é que o fazemos andar.

Nuno Júdice

sexta-feira, 14 de agosto de 2009



"Procuro os teus olhos sem saber qual a cor e vejo os teus lábios sem conhecer a forma que tem o teu sorriso.
Aninho os meus sonhos num abraço que duvido. Não espero que chegues, nem sei se partes.
Tua voz entoada nas palavras que tão bem reconheço.
As duas misturam-se e harmonizam tentando vencer as minhas dúvidas. Uma dando, a outra apoiando, e sinto-me perdida.
Estendo as mãos, peço auxílio e recolho em cada mão os gestos de uma e de outra.
Se choro não é pela ausência das duas mas apenas por ter uma e outra, sem saber qual delas me recolheu e qual delas me abandonou.
Duas culpas de um só delito.
Duas vidas que comandavam a minha, uma pela presença, outra pela ausência.
Culpo uma pelo bem que me deu e desculpo a outra pelo mal que me fez."


Outras Verdades - Carmen Velosa

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

A Dor Que Dói Mais




Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.
Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Dóem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.

Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.

Martha Medeiros

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Apaixone-se



"Fizeram-nos acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos. Não nos contaram que amor não é acionado, nem chega com hora marcada.
Fizeram-nos acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não nos contaram que já nascemos inteiros, que ninguém na nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta. Crescemos através de nós mesmos. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável.
Fizeram-nos acreditar numa fórmula chamada "dois em um": duas pessoas a pensar igual, a agir igual, que era isso que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável.
Fizeram-nos acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos.
Fizeram-nos acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são caretas, que os que transam muito não são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto.
Fizeram-nos acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas. Ah, também não contaram que ninguém nos vai contar isso tudo. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando tu estiveres muito apaixonado por ti mesmo, vais poder ser muito feliz e te apaixonar por alguém"

John Lennon

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Pedaços de Mim


Eu sou feita de
Sonhos interrompidos
detalhes despercebidos
amores mal resolvidos

Sou feita de
Choros sem ter razão
pessoas no coração
atos por impulsão

Sinto falta de
Lugares que não conheci
experiências que não vivi
momentos que já esqueci

Eu sou
Amor e carinho constante
distraída até o bastante
não paro por instante


Tive noites mal dormidas
perdi pessoas muito queridas
cumpri coisas não-prometidas

Muitas vezes eu
Desisti sem mesmo tentar
pensei em fugir,para não enfrentar
sorri para não chorar

Eu sinto pelas
Coisas que não mudei
amizades que não cultivei
aqueles que eu julguei
coisas que eu falei

Tenho saudade
De pessoas que fui conhecendo
lembranças que fui esquecendo
amigos que acabei perdendo
Mas continuo vivendo e aprendendo.

Martha Medeiros