quarta-feira, 30 de julho de 2008

Fada Encantada e Menina


Era uma vez uma fada pequenina
Que pela floresta encantada voava.
De repente viu uma menina
Que junto ao rio chorava.

- Porque choras tu, menina linda?
Perguntou a fada.
A menina, que também era pequenina,
Para um lado e para outro olhou, assustada.

Como não viu ninguém perguntou, admirada:
- Quem está aí?
- Sou eu, a fada Lili. Estou aqui,
Acenou a fada.

Ainda sem ver,
A menina se levantou
Procurando a voz que tranquilizou
Aquela dor que a fazia sofrer.

- Onde estás? Perguntou ela,
Sem medo e com convicção.
- Estou aqui mesmo - respondeu a fada,
- Em frente ao teu coração.

A menina viu a fada e sorriu,
Porque, muito feliz, descobriu
Que não estava mais sozinha e perdida
Na floresta esquecida.

Deixou, de modo agradável,
A fada poisar na sua mão.
Já que criatura tão adorável
Só podia ter bom coração.


Juntas foram, pela estrada da vida,
Sempre a rir e a falar.
A menina encontrou uma amiga
Que para toda a eternidade ía amar.


Texto: Lovely e Yol

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Distante de Ti


As tristezas da vida empurram-nos para o abismo.
As alegrias salvam-nos da perdição total.
A distância entre bater no fundo e a salvação
É encurtada, ou alongada, consoante as derrotas,
Ou as vitórias, que vivemos diariamente.
Para isso contribuem todos aqueles que nos rodeiam,
Que, de uma forma ou de outra,
Alteram o rumo da nossa vivência,
Alteram o humor do nosso dia.
Distante de Ti!
Vejo o abismo cada vez mais próximo.
A cada passo que dou sinto o chão
Tremer sobre os meus pés.
Ou serão os meus pés que tremem
Por adivinhar seu destino final?
A medo vou caminhando.
Levando comigo a fé e a certeza de que basta
Um mínimo gesto, um sorriso, um olhar,
Uma palavra doce sussurrada no meu ouvido,
Para que a salvação seja efectiva.
Para que o abismo fique como eu te sinto neste momento,
Distante de Mim…

A chuva que cai lá fora


A chuva que cai lá fora leva com ela a tristeza,
A angústia, a revolta, a saudade.
A chuva que cai lá fora trás com ela a verdade
O desejo, a força de vontade.
A chuva que cai lá fora está destinada a anular
As lágrimas, a mágoa sentida.
A chuva que cai lá fora anuncia um novo dia
Uma nova hora, uma nova vida.
A chuva que cai lá fora foi pedida por mim
Para apagar este calor, esta dor.
A chuva que cai lá fora cá dentro anuncia
A esperança... de um novo Amor
.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Deusa Menina


A menina passeava pela areia da praia,
Olhava as ondas do mar e sonhava...
Sonhava ser a gaivota que via voar livre,
Sobre o imenso mar azul.
Sonhava ter o brilho majestoso, glamouroso, do pôr-do-sol,
Sempre que, silenciosamente tocava as águas do mar,
E se deitava sobre o seu manto.
Sonhava descobrir a fórmula mágica do Amor, da Paixão,
Misturada com a do Carinho, da Sedução.
Sonhava e chorava…
Lágrimas voluntárias escorriam pela face da menina
(já feita mulher, mas que para sempre se iria sentir menina).
Sentia-se perdida…
Tentação: o mar ali tão perto. Liberdade…
Deusa Menina acreditava que iria ser feliz.
Virou as costas à tentação e foi procurar o ser Destino.
Sabendo de antemão que não seria fácil,
Mesmo assim acreditava em si, pois nada do que tem valor
E importância neste mundo, é fácil de se alcançar.
Com este pensamento na mente, secou as lágrimas,
E colocou o seu melhor sorriso no rosto.
Ela é uma vencedora!

quarta-feira, 16 de julho de 2008

À Procura de Ti


Fui corsária em busca de ricos tesouros.
Pirata terrivel, desprovida de dó, ferida no peito, maldizente do destino.
No meio da imensidão do mar encontrei, ao olhar para o ceú, por entre as estrelas, o brilho do teu olhar. O mais singelo e puro de todos aqueles que jamais os meus olhos haviam visto.
Ao segui-lo fui parar a terra e transformei-me em poeta, trovadora que ia cantando o amor que em mim fizeste despontar. Procurei-te, segui o teu rasto. Foste meu ímpeto, minha força, minha bús
sola, minha estrela guia.
Sem saber ler as palavras do mapa da vida, deixei-me guiar pelos sentidos, pelo bater do meu coração.
Achei-me como Pessoa, desejei ser como Camões para te contemplar com belos poemas de ternura. Quando te encontrei, disseste-me que era apenas eu e que assim é que me querias.
Despi a capa de pirata ambiciosa. Tirei o manto de salteadora e vesti o de escrava. Tornei-me cativa do teu beijo, prisioneira da paixão, serva dos teus ensejos.
Deixei de almejar imensos tesouros pois em ti encontrei a vida, contigo aprendi a chorar, a sentir e a cultivar o amor. E, quando te envolvo nos meus braços julgo-me a rainha do mundo que protege a sua maior riqueza: tu...minh'alma, meu fado.


Texto: Filipa Moledo
Foto: Liliana Sanches

terça-feira, 15 de julho de 2008

Sedução


Um jogo que a vida idealizou.
Pode começar com uma palavra
Essa palavra pode levar a um olhar
Esse olhar pode levar a um toque
Esse toque pode levar a um beijo.

Pode ser simples ou complicado
Pode ser seguro ou arriscado.
Seja como for ele guarda,
Um segredo bem guardado.

Uma vez que se inicia o jogo
Não há forma de o parar
O coração arde como o fogo
A razão deixa-se levar.

O sabor a mistério perdura na boca
O suor das mãos é intenso
O calor do corpo sobe de força
O desejo, o querer, é imenso.


Texto: PoCoYo e Lovely

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Destino


Quem disse à estrela o caminho
Que ela há-de seguir no céu?
A fabricar o seu ninho
Como é que a ave aprendeu?
Quem diz à planta «Floresce!»
E ao mudo verme que tece
Sua mortalha de seda
Os fios quem lhos enreda?


Ensinou alguém à abelha
Que no prado anda a zumbir
Se à flor branca ou à vermelha
O seu mel há-de ir pedir?


Que eras tu meu ser, querida,
Teus olhos a minha vida,
Teu amor todo o meu bem...
Ai! não mo disse ninguém.
Como a abelha corre ao prado,
Como no céu gira a estrela,
Como a todo o ente o seu fado
Por instinto se revela,
Eu no teu seio divino
Vim cumprir o meu destino...
Vim, que em ti só sei viver,
Só por ti posso morrer.


Texto: Almeida Garrett
Foto: Raphael o pensativo


sexta-feira, 4 de julho de 2008

O Amor...


Para mim, algo inexprimível em palavras, somente possível em acções...
O Amor... Um sentimento intemporal, incondicional... Facilmente confundível com o ódio...
O Amor... A sensação de borboletas a voar no estômago, o perfume de um jasmim e um sorriso sincero...
Uma leve melodia, um toque suave na pele, um dia de alegria...
O Amor...?
Descrevê-lo? Impossível...
Senti-lo? Plausível...
Quem ama, sente... Quem sente, ama...
O Amor é o sentimento que nos une e que nos afasta...
Diria mais, é o sentido da nossa vida e o que nos falta quando estamos sós...
Do Amor todos podemos falar...
Mas o verdadeiro significado só é consentido a quem ama ou já amou de forma genuína, autêntica...

Texto: Kenzo

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Reflexo de Mim


Era uma vez...



Uma velha, muito velha, disse: «Queres que te conte uma história?» e a menina respondeu: «sim». E a velha, muito velha, começou a contar...
«1,2,3, vi uma vez...»


Na mais elevada montanha, rodeado de núvens brancas como a neve e fofas como o algodão, um castelo se erguia feito de sonhos e fantasias. Dele fazia parte tudo quanto se sabia ser o imaginado nos sonhos cor-de-rosa e o desejado nas fantasias. Cada pedra era um sonho, cada janela rasgada era uma fantasia e cada parte de massa era uma força de Vontade... Era um imponente, belo, admirado, mas só, de tempos a tempos, alguém o habitava e por momentos apenas... Porquê? Na realidade, o interior do castelo estava vazio, e tudo quanto os seus felizes habitantes viam se desfazia ao ser tocado... Assim que se apercebiam da cruel realidade, os recém-chegados habitantes logo partiam em busca do que os havia trazido até ali...
Ninguém pode viver sempre dentro dos Sonhos e das Fantasias por maior que seja a sua Força, a sua força da Vontade...


E a menina, desiludida com a História, ao tocar a velha, muito velha, viu esta desfazer-se...


Texto: hecate

terça-feira, 1 de julho de 2008

Corrente da Vida


Jangada no rio da vida
Entrego meu destino na tua mão.
Corrente calma ou corrente corrida.
Tu guias. Eu vou ao sabor da paixão.

Deixo-me ir de olhos vendados.
Sem medo, sem culpa, sem pudor.
Os dados foram lançados,
Tu sabes onde encontrar o amor.

Conduz-me pelos trilhos com calma,
Meu amor há-de me esperar.
Pois sabe que tenho minha alma,
Meu corpo e minha vida para lhe dar.


Foto: Rarindra Prakarsa

Palavras Cruzadas

Palavras cruzadas,
Em mistérios envoltas.
Das bocas jorradas,
Ao vento soltas.

Palavras que ferem,
Como facas afiadas.
Que nem sempre medem
As dimensões alcançadas.

Palavras que seguem
Por caminhos obscuros.
Que as vezes precedem
Pensamentos confusos.

Palavras proferidas
Sem retorno a dar.
São mágoas… são feridas…
Que o tempo não vai sarar.

O Lado Negro do Camaleão Humano




















Decorar e ensaiar com a finalidade de fascinar...
Iludir e incoorporar com a finalidade de convencer...
Mentir e forjar com a finalidade de enganar...
Chorar e implorar com a finalidade de sensibilizar...
Fixar e adaptar com a finalidade de manipular...

Usas tão bem a mentira que fazes crer que és de verdade.
Usas tão bem a retórica que pareces ter sabedoria.
Usas tão bem a manipulação que pareces ser sincero.
Usas tão bem o cálculo que pareces obter o resultado certo.

Texto: hecate
Foto: Lara Pires