quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Plena Mulher...

Plena mulher, maçã carnal, lua quente,

espesso aroma de algas, lodo e luz pisados,

que obscura claridade se abre entre tuas colunas?

que antiga noite o homem toca com seus sentidos?

Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas,

com ar opresso e bruscas tempestades de farinha:

amar é um combate de relâmpagos e dois corpos

por um so mel derrotados.

Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito,

tuas margens, teus rios, teus povoados pequenos,

e o fogo genital transformado em delícia

corre pelos ténues caminhos do sangue

até precipitar-se como um cravo nocturno,

até ser e não ser senão na sombra de um raio.

Foto: A. Brito

Texto: Pablo Neruda

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